poesia

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31 de outubro de 2013

Protesto de um já ido!

Da minha sepultura, os meus pés não arredarei.
Optei quedar-me nela e não embarcar para Além.
Os julgamentos dos que já se foram, invocarei,
para justificar a opção de quedar-me em Aquém:

Logo após desta partidos, somos a Juízo levados.
Pecados vistos à lupa, para as penas proclamarem,
as penas que as almas lavam e redimem os pecados,
e assim aos Céus subirem e ad eterno os gozarem.

Se a Juízo já nós fomos e proclamada a sanção,
porque por um outro Juízo, o Final, somos julgados,
se os pecados cometidos, se encontram em remissão?
Porque assim, meu protesto lavro e o lanço p'rós jurados.

Assina,
Um que desta já se foi.

28 de outubro de 2013

P'rá gente da minha Aldeia!















Ó gente da minha aldeia,
gente da aldeia mais bela,
sejam gente que alardeia,
o prazer de viver nela.

Soltem vivas e hosanas,
deitem fogo de artifício,
garotada vão às canas,
participem no bulicio.

Ponham a banda a tocar,
aperaltem-se asadinhos,
e vão p'rá eira dançar,
toda a moda agarradinhos.

E quando o sol não raiar,
cantem todos, com clamor,
façam a lua acordar,
para a dança ter sabor.

Noite fora, já sem brilhos,
e atirando p'ró alvor,
vão p'rá cama, façam filhos,
mas os façam com amor.

26 de outubro de 2013

Juízo Final?

















Do meu pouso aqui, no Além, os meus pés não arredarei,
porque após olhos cerrados, fui em Juízo sentenciado.
O meu estado de defunto e já julgado invocarei,
como prova de incapaz de cometer novo pecado.

Aquando de Aquém me arredei, prestei contas do pecado,
e com penas editadas, para dele ser remido.
Porquê para um outro Juízo, o Final, eu sou levado,
se por pecado em anterior Juízo, já fui punido?

15 de outubro de 2013

Maganice!











A Magana levantou a saia arriba do seu joelho,
e ele quedou-se surpreso, por algo que nela viu.
De nú, da cinta para baixo, só conhecia o artelho,
e face a um tal encanto, persignou-se e genunflectiu.

E braços abertos em prece, perante um tal sortilégio,
viu-se à Magana a rogar-lhe: permite-me poder-te ter,
que me aposse do teu sacrário, cometer um sacrilégio,
e assim ousar dizer, que ascendi ao céu sem falecer.

E ela brejeira, com seus modos de safada, se abriu,
e como se fosse hóstia em patena, se deu a comungar.
Ele o sacrílego, nela aconchegado ao seu céu subiu,
e à terra desceu livre e sem pecado, pós ejacular.

10 de outubro de 2013

Homo vírus!










Só silêncio e um silêncio sepulcral.
Fora em tempos uma mata, palco de vida,
tendo por plateia o bulício animal,
hoje é deserto, só pela morte assistida.

Pelo homo vírus infectada, finou!
E ao finar-se, deixou aviso em legado:
Se não renascer levarei quem me matou,
porque sem mim, o homo vírus é finado.