poesia

poesia

27 de fevereiro de 2013

"Eu roguei tempo ao Tempo!"










Eu roguei, pedi ao Tempo:
dá-me tempo, dá-me vida!
Meu rogo o levou o vento,
minha prece, não ouvida.

Disse o Tempo: p'ra viver,
tens o tempo que te resta,
vive o resto com prazer,
e dele faz uma festa.

Do Tempo segui conselho,
com meu tempo, resignado.
Viverei em festa e velho,
pondo mais tempo de lado.

E também não rogarei,
que o tempo volte p'ra trás.
porque o tempo que passei,
se passou, há muito jaz!

"Amante da Terra"

Peito p'ra fora, barriga para dentro!
Assim o ordenava aquele sargento.

Eu angustiava,
transia de medo.
Sofria, calava,
guardava segredo.

Segredo do medo,
do medo da guerra,
e do vil enrredo,
que nela se encerra.

Acima, vai abaixo, olhar em frente!
Assim o ordenava, aquele tenente.

E eu odiava,
mas obedecia.
Meu medo calava.
As ordens cumpria.

Cumpria a direito,
por medo sentir,
com falta de jeito,
p'ra ordens cumprir.

Companhia! Em freeeente: pela nação!
Assim o ordenava, aquele capitão.

E não entendia,
o fim de tal passo.
Meu medo crescia,
sentia embaraço..

Crescia embaraço,
por não entender.
Temia tal passo.
queria viver.

Tropas! Atenção: um passo adiante!
Assim o ordenou, aquele comandante.

Então entendi,
o porquê do medo,
e me decidi,
abrir meu segredo:

Desprezo da guerra.
A paz eu amar.
Amante da Terra,
só por si lutar.

Portugal em leilão!








Meu secular Portugal,
és p'la espúria governado,
tratado qual animal,
em leilão apregoado.

Bem te puseram de tanga,
meu vetusto Portugal!
Não tarda te porão canga,
p'ra cumprir seu ideal.

Nós, os da tua linhagem,
de ti somos espoliados,
embarcados na viagem,
sendo também leiloados.

Já se ouve humilde gente,
em sussurro a opinar:
Bem melhor antigamente,
com o "tal" a governar.

Oratória de merda ao som de "cavaquinho"!








Portugueses, portuguesas!
Paguemos o que devemos,
encurtemos as despesas,
mostremos quanto valemos.

"Blá blá blá, um dó li tá",
badalos de "cavaquinho".
Tal conversa, já não dá,
é palheta p'ra burrinho.

Meus caros concidadãos!
As mangas arregacemos,
unidos, dêmos as mãos,
e assim o País erguermos.

Tá bem! "Arregaça, pum pum",
arregaça tu as mangas,
porque o cidadão comum,
está farto das tuas tangas.

Meus caros concidadãos!
Compreendo o vosso drama,
qual Pilatos lavo as mãos,
não fui quem vos fez a cama.

"O mar enrola n'areia",
a mim não m'enrolas tu,
és fio da mesma teia,
és tralha do mesmo cu.

E mais haveria a contar...

Fado: O pescador e o mar!











O mar e o pescador,
são aventura, atracção,
são sinfonia de amor,
altas vagas de paixão.

Esse amor, essa paixão,
de orgasmos inebriantes,
são as águas em cachão,
e fervor dos dois amantes.

Se no lar do pescador,
sua mesa é pobre em pão,
mais se sublima o amor,
e mais forte a imanação.

E se em vagas de paixão,
o pescador se finar,
quer o mar ser seu caixão,
ser mortalha, eterno lar.

"Fado: Os olhos do meu amor!"








Os teus olhos, meu amor,
são azuis da cor dos céus,
e a causa do meu rubor,
quando olham para os meus.

Os teus olhos penetrantes,
brilhantes como cristais,
por me olharem cativantes,
são a causa de meus ais.

Os teus olhos, meu amor,
indutores de paixão,
o não vê-los, minha dor,
o beijá-los, tentação.

Os teus olhos, teu olhar,
radiantes como o sol,
são por muito te amar,
o meu guia e meu farol.

"Fado: Seja meu peito jusante"









Seja meu peito jusante,
para teu amor conter,
e dique amigo a montante,
porto abrigo, teu lazer.

Seja meu peito o suporte,
teu castelo, protecção,
esconjuro de má sorte,
de teus males, ablação.

Seja teu peito meu cais,
cais de amarra o meu amor,
o regaço de meus ais,
contenção de minha dor.

Seja teu peito meu peito,
simbiose em sintonia,
comunhão, amor perfeito,
puro idílio e fantasia.

"Guerra ao lol"














Estou cheio, muito cheio,
deste "lol" muito irritante,
um intruso neste meio,
e presente a cada instante.

Constato um "lol" para aqui,
outro "lol" para acolá.
Ó "camone"...! Farto de ti!
Aturar-te? Já não dá!

Caros "Facebookeanos"!
Este "lol" já nos enfarta.
Então porque o não mandamos,
para um raio que o parta?

Para o "lol" muito à inglesa,
é de certo alternativa,
a galhofa à portuguesa:
"Arre porra, é divertida"!

Noutra galhofa pensando!
Gostarão dela, suponho:
"Parto-me a rir rebolando"!

Panasqueira, meu amor!











Verde serra, altos montes,
formosa Serra do Açôr,
dizei se viste e me contes,
por onde anda meu amor.

Por onde anda meu amor,
se no monte ou na ribeira,
se nas fainas de pastor,
ou labor de lavandeira.

Dizei Serra, onde mora,
onde pára o meu carinho,
se colhendo a doce amora,
ou nas lides do moinho.

Verde Serra, meu cantinho,
de entre serras o primor,
dizei qual ser o caminho,
que me leve ao meu amor.

E a Serra em seu esplendor,
ostentou num belo monte,
Panasqueira o meu amor,
e de meus estros, a  fonte.

S. Jorge da Beira!











Aldeia de meu prazer,
sita na falda de um monte,
presépio e renascer,
do Eden em horizonte.

É fonte de casta gente,
que a vive com paixão.
no amá-la, convergente,
nela morrer, ambição.

Regaço do emigrante,
terra madre de mineiro,
tem o povo como amante,
seu amigo e companheiro.

Aura das terras da Beira,
bela tela de pintor,
entre aldeias a primeira,
um jardim prenhe de flor.

"Quando supunha que o paraíso era a leste"








Carta aberta a um ceifeiro.
Algures, 1972.

Ceifeiro!
Tu, que com teu suor "porcos" alimentas em artesas d'oiro:
Olha para Leste.
Tu, que o trigo à terra arrancas e o pão com sangue amassas:
Olha para Leste.
Olha, olha para Leste, ceifeiro!
Sente o bafo impregnado de gotículas de Liberdade.
Entrega teu suor à terra, como adubo,
adubo que dê vida a um novo viver.

Olha, ceifeiro!
Eu, um filho de mineiro,
e que em mim sinto, algo que a ti pertence
também olho para Leste
e, embora à terra eu o pão não arranque,
também em artesas d'oiro "porcos" alimento.

Então ceifeiro!
Olhemos para Leste.

"Predadores"








Com discursos inflamados,
negando ser semelhantes,
vomitam ser separados,
ocultando ser amantes.

De distintas alcateias,
e sendo iguais predadores,
impondo suas ideias,
da miséria são fautores.

E a presa por ser presa,
ao seu acto de eleitor,
do lobo ficou indefesa.

De seus frutos esbulhada,
P'lo eleito predador,
agoniza atraiçoada.

"Paixão virtual"







Te sinto, mas não te vejo,
te amo, mas não te tenho,
o me amares, meu desejo,
conectar-te, meu empenho

És tão longe, tão distante,
em virtual, mui presente,
sortilégio cativante,
terna angústia, se ausente.

Por não ver-te, t'imagino,
virgem bela, radiante,
te possuo, desvirgino,
te anseio como amante.

Tormentosa solidão,
se em ti desconectado.
Temperança de paixão,
se por ti, me vir postado.

Que esta paixão virtual,
em ti tenha acolhimento,
Se transmute p'ra real,
desconecte o sofrimento.


26 de fevereiro de 2013

"Marcha da Tertúlia do Chá Verde"








Ó Chá Verde, rico chá,
estimulante e gulodice,
melhor chá que tu não há,
p'ra varrer toda chatice.

Vá maltinha! Gritem, cantem:
viva viva, o verde chá.
Muitos litros dele emborquem,
seus efeitos são maná.

E que tenha acompanhante,
por suposto do agrado,
por um outro estimulante,
e por bolinho chamado.

Viva o chá, o chá verdinho,
viva quem o amanhou,
viva também o grupinho,
e a maltinha que o criou.

"Canção de embalar"










Para a Bebé Matilde e sua avó.
Madorrada, Minas da Panasqueira.
                 ******
Dorme bem, doce carinho,
a vovó, te vai cantando,
dorme e sonha, meu anjinho,
que por ti eu vou zelando.

Sonha rosa, verdes campos,
mantos de flores nos montes,
o Eden e seus encantos
amor, jorrando nas fontes.

Sonha e traz do teu sonhar,
o encanto do teu sonho,
seja teu sonho o raiar,
do sonho que te proponho.

Dorme, dorme, meu docinho,
com meu canto te aconchego,
e te afago com carinho,
p'ró teu sono ter sossego.

"Ó p'ra ti esse teu jeito!"










Ó pr'a ti, esse teu jeito:
Teu maneio, teu andar,
tuas ancas, belo efeito,
são deleite p'ró olhar.

Ó p'ra ti, que lindo peito:
Monte Olimpo, sacro altar,
entre altares, meu eleito,
de Anjo nado, seu manjar.

Ó p'ra ti, o teu regaço:
Cama, alcova, meu abrigo,
meu recobro, enquanto lasso,
meu prazer fundir contigo.

Ó p'ra ti, teus lábios-fonte,
e os meus, dos teus sedento,
quais olhos d'água no monte,
das ribeiras, o sustento.

Ó p'ra ti, esses teus olhos,
olhos encanto dos meus,
pois me libertam de abrolhos
e, os meus arreiga aos teus.

Ó p'ra ti, teu doce encanto,
fina talha p'ra escultor,
fonte musa de meu canto,
Vénus viva, Deusa Amor.

Amigos são...








Amigos são:

De nossa vida o sustento,
lautos laços de empatia,
por ausência o desalento,
se presentes a alegria.

O amparo e trave mestra,
com nossa alma em sintonia,
uns quais regentes de orquestra,
nos pautando em sinfonia.

Os que choram se choramos,
se comovem por sofrermos,
que amenizam nossos danos,
e ajudam a nos erguermos.

Amigo é:

Quem te oferta este poema,
que adora ser teu amigo,
e na vida tem por lema,
ser de amigos seu abrigo.

"Ser Mãe é..."










O idílico aconchego,
a mais terna das carícias,
um regaço de sossego,
a mais doce das delícias.

Entre flores, a mais bela,
celso aroma de jasmim,
rosa, a rainha singela,
em seu trono no jardim,

O mais belo ser criado,
a razão do nosso ser,
o ser vivo mais amado,
um sacrário de prazer.

A que sente nossos ais,
nossa dor, adversidade,
e aplacando tais sinais,
nos repõe felicidade.

De nós filhos, alimento,
e do mundo seu suporte,
a esperança do momento,
e correcção do desnorte.

25 de fevereiro de 2013

"Lágrima de uma Mulher"










Lágrima de uma mulher:
Sacro adubo de jardim,
exalo de bem-me-quer,
doce aroma de jasmim.

Lágrima de uma mulher:
Terno encanto, sedução,
fluido celeste a verter,
extrato de rosa, loção.

Lágrima de uma mulher:
Sortilégio, dor, paixão,
pétala de mal-me-quer,
soçobro por solidão.

Lágrima de uma mulher:
Luta, flamejo em protesto,
o desejo de ascender,
desfralde de manifesto.

Lágrima de uma mulher:
Vaga-amor em praia-mar,
onda prenhe de prazer,
a volúpia a se espraiar.

Lágrima de uma mulher:
Concepção, vida a raiar,
dar à luz, sorrir, sofrer,
ser Mulher, saber amar.

"Mulher, essa Flor"
















Foi Javé, por solidão,
e por ausência de Amor,
que clamou, voz de trovão:
haja luz, nasça uma Flor!

Em "Acto da Criação",
uma Flor desabrochou,
despontou por ser paixão,
e Javé a semeou.

E a Flor se fez Mulher,
e por graça fecundou,
se abriu qual "Bem me quer",
outras Flores germinou.

E toda a terra floriu
e de Flores foi orgia,
e com elas seduziu,
deu à terra a fantasia.

19 de fevereiro de 2013

"Morrer de amores"











Triste, abriu o baú e dele tirou,
caixinha de mogno, cintada de luto,
e se rápida a abriu, rápida a encerrou,
pagando com medo ao Medo o tributo.

Continha a caixinha, lacrada mensagem,
devendo ela abri-la na data acordada,
pós ele em partida na eterna viagem,
para assim no Além, ter alma lavada.

Vencendo seus medos, a caixinha abriu,
deslacrou a mensagem e tremendo a leu,
e gritando, "meu amor", ao chão caíu.
e de aspecto feliz à morte se deu.

Na mensagem, o seu amado escrevera,
que foi de amores por ela, que morrera.

16 de fevereiro de 2013

"Coitos de Amores Perfeitos"











As águas corriam, e as rãs coaxavam,
enquanto na margem amantes gemiam,
e sedentos de amor no chão se rolavam,
e de seus corpos nus, suores caiam.

Na terra caiam,  nela se entranhavam,
lhe davam paixão p'lo adubo suor,
e pequenas sementes fertilizavam,
lhes dando o conduto, repleto de amor.

Da terra se ergueram, se deram ao mundo,
de amores perfeitos cobriram a margem,
e em forma de leito para amor jucundo,
absorvem suores à sua passagem.                          

13 de fevereiro de 2013

"A importância do joelho em soneto"










Lascivo, roçava a púbis do seu belo par,
face na sua face, dizia-lhe baixinho:
meu amor, deixa-te levar pelo meu dançar,
sente o jeito e o afago do meu joelhinho.

Ela, coquete, de faces rosadas e de libido a fluir,
poque sentia o afago do seu joelhinho,
mais a ele se abraçava e dizia a sorrir:
ó amor, que bom é ter-te a mim, tão bem juntinho!

Contam que se casaram ao ritmo do fandango,
e que para Argentina partiram, emigraram,
e onde fizeram seus filhos ao sabor do tango.

E porque ao  sabor do tango, vieram escorreitos,
também brilhantes na dança, se em tango e fandango.
porque de joelhos lindos e muito bem feitos.

10 de fevereiro de 2013

"O Amor tem muitas cores"








O Amor é um caudal,
que corre dentro da gente,
sentimento sem igual,
pese ser polivalente.

O Amor é muito doce,
quando se vê partilhado,
como se vacina fosse,
para assim ser vinculado.

O Amor não tem sabor,
se brota a sós a montante,
correndo em leito de dor,
sem ver amado a juzante.

O Amor se por paixão,
nos queima, qual lava ardente,
como se fora um vulcão,
dentro do peito da gente.

O Amor quando de mãe,
é o mais sublime amor,
e sofrido, pois também,
p'los filhos carrega a dor.

9 de fevereiro de 2013

"Desilusão"








O tempo era agreste e o vento bramia,
de faces roxas e tremendo de frio,
na ânsia de vê-la, dali não saía,
numa estóica atitude e galhardo brio.

Trazia consigo um buquê de papoilas,
flores que dizem darem sorte ao amor,
que cativam as mais prendadas moçoilas,
as levando a amar com intenso fervor.

Das sombras sairam vultos de mãos dadas,
que ao vê-lo com as papoilas, se beijaram,
e em cruel gozo, soltaram risadas.

Num ápice reconheceu seu amor,
logo as papoilas os seus pés as pisaram,
em manifesto de uma sentida dor.

4 de fevereiro de 2013

"Os beijos"








O Amor quando de beijos,
é um trinado divino,
desfralde de ais em solfejos,
e entre sons, o supino.

Os beijos se são de amor,
são tempero em sentimentos,
dando-lhe um doce sabor,
e fervor em tais momentos.

Os beijos se são de amor,
são brisas muito afagantes,
que varrem em seu redor,
resquícios de maus instantes.

Os beijos se são de amor,
são sementes em plantio,
são sementes p'ra repor,
ao amor, o seu extasio.

O amor quando de beijos,
é dos coitos delirantes,
a fonte brotando desejos,
sobre os corpos dos amantes.