poesia

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21 de dezembro de 2012

Desabafo em soneto!








Amo tudo o que seja povo,
com seus "feios, porcos e maus",
pois no meio dele me movo,
navegando nas mesmas náus.

Amo-o tanto quanto o odeio,
por entregar-se a quem o odeia,
a besta que lhe põe um freio,
e que o prende na sua teia.

Amo-o tanto quanto não me ama,
quando abraça a quem não abraço
e me enreda na mesma trama.

Como o amo  não me desfaço,
manterei viva a minha chama,
de mover-me no mesmo espaço.

6 de dezembro de 2012

"África minha" e memórias luandenses!










África, "África minha",
meu colossal embondeiro,
és berço, também madrinha,
de Adão, o nosso primeiro.

África da Negritude,
tem Luanda por seu halo,
pois lhe conhece a virtude
de outras gentes, ser regalo.

Luanda de meus amores,
dos merengues nos muceques,
da catinga e outros odores,
dos travessos dos moleques.

Luanda de meus amores,
do bairro branco, a Maianga,
do muceque com mil cores,
o saudoso Sambizanga.

Mas o halo de Luanda,
é o espaço Miramar,
porque a mais bela varanda.
p'ra ver o  mar  se espraiar.

Luanda, bela negrinha,
eu te trouxe na memória,
o amar-te é sina minha,
e legado em minha estória.

2 de dezembro de 2012

"Amor ao primeiro toque"








Muito levemente se tocaram,
numa saída de passageiro,
e olhar cúmplice partilharam,
naquele remoto apeadeiro.

Ele, anos volvidos regressa,
ao ponto onde encontrou seu amor,
para ali cumprir uma promessa:
lançar ao vento uma linda flor.

Lançando a flor, baixinho dizia:
aqui nos tocámos, doce amor,
partimos p'rá nossa fantasia,

e chorando de angústia e de dor,
clamava: porque ele não partia,
para assim, juntar-se ao seu amor.

30 de novembro de 2012

Hino à vulva!








Canto à vulva este meu hino,
porque é fonte de extasio,
ela me eleva ao supino,
ao preencher meu vazio.

Porta franca de prazer,
ponto de vida a raiar,
o meu poiso de lazer,
e deleite p'ró olhar.

Celsa vulva, meu evento,
bela Diva em Monte Olimpo,
a causa de meu tormento,
quando em mim eu não a sinto.

A mim venham, seus odores,
supra aromas de jardim,
morfinas p'ra minhas dores,
aquando não está em mim.

Linda vulva, doce amor,
meu pecado e sortilégio,
deixa colher tua flor,
cometer tal sacrilégio.

22 de novembro de 2012

"Poemas em liberdade"














Minha Senhora e amante,
a tão doce Poesia,
de minha vida a mandante,
me algema, sem alforria.

Só em coito me liberta,
e me deixa em si vogar,
por si dentro, vulva aberta,
p'ra poemas fecundar.

E prenhe de meus poemas,
lhes dá carta de alforria,
enquanto eu preso às algemas,
cumpro a sua fantasia.

Cumpro a sua fantasia,
seja qual for a matiz,
tudo dela me extasia,
sou seu preso, mas feliz.

9 de novembro de 2012

"Orgasmo"











Aquando beijo seu belo corpo, me perco,
p'los sabores e odores que dele se imanam,
e quanto mais da fonte de vida me acerco,
mais os meus apetites por ele se inflamam.

São seus suspiros e ais, supra condimentos,
e os quais me transportam ao céu das carícias,
levando-me ao mais sublime de tais momentos,
ao orgasmo, a mais terna e doce das delícias.

E sempre que seu corpo beijo e saboreio,
o orgasmo retorna vogando em caudal,
e ao sabor do amor, meu belo devaneio,
eu me aporto ao seu corpo, o meu cais ideal.

27 de outubro de 2012

"Aguardando o fruto almejado"








Enquanto em seu ventre recostado,
e inibriado p'los seus sinais,
era como ao céu fosse levado,
vogando em ternuras paternais.

Quão bom era ouvir vida no ventre,
vida que por amor fecundada,
um cadilho a unir para sempre,
e bela flor p'lo mundo esperada.

No seu lar, um qual mar uterino,
a flor, que por amor semeada,
voga em direcção ao seu destino,
aos braços de por quem é amada.

26 de outubro de 2012

"Ser avó é..."








Avó, é ser a mãe ao quadrado,
essa tão adorável potência,
do neto, anjo da guarda a seu lado,
da traquinice, a santa paciência.

Avó, é ser resguardo, castelo,
uma vigia a todo o instante,
o regaço, aconchego mais belo,
herói, um qual cavaleiro andante.

Avó, é ser palhaço travesso,
hábil a varrer toda a tristeza,
um gentil simulador de avesso,
no seu mais puro jeito e lhaneza.

Avó, é aquando fenecer,
dos seus, a mais profunda emoção,
a estrela ao céu a ascender,
a doce e bela recordação.

22 de outubro de 2012

"Os meus medos"









Tenho medo de ter medo,
medo do que desconheço,
porque por medo me enredo,
nos medos de que padeço.

E tantos são os meus medos,
medos ligados à morte,
morte encerrando segredos,
no Além, seu cofre forte.

Medo do medo da vida,
que é da morte, umbilical,
e que depois de vivida,
da morte é um seu portal.

Pudesse eu juntar à morte,
algo que à vida a prendesse
a dotando de outro porte.
que sua foice perdesse.

Tenho medo de ter medo,
mas no medo me aconchego,
fingindo nele ser ledo,
p'ró meu corpo ter sossego.

21 de outubro de 2012

"O desconsolo das almas"










Desnudas do corpo, as almas,
sem seus exalos carnais,
vogando nas nuvens alvas,
de tédio lançam seu ais.

Miram do alto o que foram,
as vivências mais ousadas,
e as não tê-las deploram,
porque delas amputadas.

Como era bom o prazer,
que se soltava do coito,
ou doutros modos de o ter.
aquando de sexo afoito.

Como era bom o beijar,
alguém que muito se amava,
sentir seu corpo a vibrar,
quando do beijo abraçada.

Como se amava o olhar,
quando se via cruzado,
e que levava ao corar,
se de um amor partilhado.

Como se amava viver,
sentir o seu dia a dia,
amar e também sofrer,
ao sabor da fantasia.

Pobres almas, desoladas!
Em desconsolo a sofrer,
porque ad eternum castradas,
do que lhes dava prazer.

18 de outubro de 2012

"Será Deus um Ser Galático?"








Será que o Deus deste Mundo,
se expande p'ra lá de Plutão.
p'lo Universo profundo,
onde não chega a razão?

Ou será que o Deus do Mundo,
seja um mero Deus Menor,
se avassale ao do profundo,
porventura o Deus Maior?

Será que existiram Cristos,
nos Mundos do Deus Maior,
ou outos seres benquistos,
como Cristo, o Salvador?

Seja deste mundo, ou não,
que imane o poder de um Deus,
ele só será razão,
se for sentido p'los seus.

17 de outubro de 2012

"O meu baú de poemas"










Fui ao bazar e merquei
um baú para poemas,
e porque nele os lancei,
criei fonte de dilemas.

Porque sempre que o abria,
algo falava comigo,
era um poema e dizia,
quero voar, meu amigo!

E por mor desse poema,
o baú jamais cerrei,
libertei-me do dilema,
ao poema asas dei.

E voou e foi pousar,
em ramo que o acoitou.
Porque nele amou ficar,
p'ró meu baú não voltou.

15 de outubro de 2012

"Assim nasceu Amazónia"








Era o bom Zeus meditabundo,
como também um tanto irado,
porque algo faltava no Mundo,
Mundo que por si foi gizado.

Porque assim, o bom Zeus sofria,
pois desconhecia a razão,
do que seu  Mundo carecia,
e qual também sua função.

E porque assim, Zeus convocou,
As cortes, para o Monte Olimpo,
e do alto trono ordenou:
Quero a cura para o que sinto!

Mas preste perdeu a esperança,
de nas cortes encontrar cura,
pois porque à sua semelhança,
padeciam  da mesma agrura.

Entretanto surge Artemisa,
bela, quão bela é a abegónia,
e adiantou firme e precisa:
Pai dê ao mundo uma Amazónia!

E o velho Zeus aceitou,
o conselho p'la filha dado,
e logo Amazónia criou,
e ao Mundo a deu por legado.

Foi assim...

12 de outubro de 2012

"Os meus momentos Nirvana"










Os meus momentos Nirvana,
são de minha alma o sabor,
são o manter viva a chama,
que me prende ao meu amor.

Os meus momentos Nirvana,
são meus estados de extasio,
que se difunde e se imana,
preenchendo meu vazio.

Os meus momentos Nirvana,
são os que brotam do amor,
do aroma que dimana,
aquando se abre uma flor.

Os meus momentos Nirvana,
são resultantes de amigo,
do que bem alto proclama,
que lhe apraz lidar comigo.

Os meus momentos Nirvana,
são momentos que me aprazem,
porque o meu enxeco aplana,
e estados de paz me trazem.

10 de outubro de 2012

"Hino ao Sol"












Eu te venero, Deus Sol,
porque és da vida o sustento,
também da terra o farol,
e seu marcador do tempo.

Eu te venero, Deus Sol,
porque és da vida a razão,
de indigentes seu lençol
de seu sofrer contenção.

Eu te venero, Deus Sol.
porque és semente da vida,
no Celeste Olimpo, escol,
e doutros Deuses guarida.

Eu te venero, Deus Sol,
porque a ti devo o que vejo,
um mundo de teu crisol,
e teu mais sacro desejo.

Eu te rogo, meu Deus Sol,
que em tua alma a chama avivas,
que sejas dela o seu fole,
e sementeira de vidas.

7 de outubro de 2012

Meimoa, meu amor!











Em Meimoa não nasci,
por outras bandas nascido,
nela fui e p'lo que vi,
me apaixonei, seduzido.

Mas a Estrela, sua amante,
sobranceira e sedutora,
a vigia a cada instante.
e diz ser dela senhora.

Mas quando a bruma chegar,
daí se ocultando dela,
vou-me em seu seio lançar.
e fazer amor com ela.

Conceberemos amigos,
enquanto a bruma durar,
fazendo deles abrigos,
pós a mesma levantar.

5 de outubro de 2012

"Em sonho fui ao céu e não gostei"











Eu fui ao Céu e não gostei,
pois por lá vi, algo sem nexo,
vi o que jamais ponderei:
ir a um Céu, castrado em sexo.

No Céu, os Anjos não copulam,
sem sexo, não podem transar,
mas, as almas com sexo adulam,
por serem seus modos de amar.

Vi almas carentes penando,
aos Anjos rogando erecções,
e outras, com as mãos transando,
lembrando terrenas paixões.

Foi este o Céu com que sonhara,
um Céu envolvido em complexo,
mas porque um sonho, regressara,
ao mundo onde é livre haver sexo.

3 de outubro de 2012

"Gota d'água, meu amor"










Uma gota d'água, da água emergiu,
e porque na margem para mim olhava,
charmosa a magana, logo me sorriu,
e com mui descaro disse que me amava.

E eu, porque seduzido me apaixonei,
e nela abraçado, em fluxo vogara,
p'ra sua demanda todo me entreguei,
e ela feliz, porque ter-me lograra.

Vogando, vogando, ao mar desaguámos,
e sempre abraçados, fizemos amor,
e de almas fundidas, num só nos tornámos,
a Diva das águas em todo esplendor.

28 de setembro de 2012

"Um desabafo em vernáculo"














Quanto mais estes ladrões,
vão estendendo seus tentáculos,
mais me assanham emoções,
levando-me p'ra vernáculos:

Filhos de uma real vaca,
são "porcos feios e máus",
ladrões pegando de estaca,
entre montes de calháus,

Também filhos de real puta,
e por danados, pocessos,
e a gente vil lhe disputa,
os seus abjectos processos,

"Coelhos" que se alimentam,
com "relva" farta em canudos,
e ao repasto acrescentam,
"cristas  com outros lanudos",

Concluindo, estes safados,
corja que jamais se viu,
deveriam ser mandados,
para a puta que os pariu,

Pronto... desabafei.

12 de setembro de 2012

"O polidor de pianos"









Ser polidor foi acaso,
para um antigo pastor,
mas tal acaso foi azo,
para amar ser polidor,

Um polidor de pianos,
que por via das funções,
lhe trazia à mente os anos,
de gratas recordações.

Polindo as teclas tocava,
chamando a alma da flauta,
e em memória a guardava,
como se fora uma pauta.

Em pauta, feliz lançou,
as mais belas melodias,
que em pastoreio tocou,
p'ró gado nas serranias.

Certo dia o polidor,
despedido, não polia,
e já não sendo pastor,
a sua flauta jazia.

9 de setembro de 2012

"Terra, um lar não só de gente"











Soubesse o lobo falar,
e diria certamente:
vós ocupaste meu lar,
já não vivo livremente.

Soubesse o peixe falar,
decerto diria à gente:
foste meu lar conspurcar,
e me matais lentamente.

E a joaninha dizer,
e por certo nos diria,
que plantas irão morrer,
porque a gente a irradia.

E uma pomba dizer,
e dos altos, nos diria:
receio em terra descer,
a despiram de alegria.

Prouvera ao homem repor,
à terra a sua harmonia,
lhe volvendo a verde cor,
para cessar-lhe a agonia.

4 de setembro de 2012

"Minha almejada utopia"















Ter a batuta, eu quisera,
e de outro modo regia,
fazendo jus à Quimera,
minha almejada Utopia.

A dividia em fracções,
tantas quantas os carentes,
e lhas dava, quais poções,
fazendo deles Regentes.

E aos Regentes propunha,
a regência em sintonia,
porque a Pauta não dispunha,
o espaço para Anarquia.

E que juntos e aos sabores,
de uma perfeita união,
cerrem Pauta ao predadores,
lhes amputando a função.

23 de agosto de 2012

"O mar levou amizade"









Sentado à beira do mar,
fiz um poema de amigo,
uma onda a se espraiar,
mo quitou, levou consigo.

E vogou p'ra léguas mil,
em demanda sem igual,
para ofertá-lo ao Brasil,
que é do Eden seu portal.

E  o Brasil o "bebeu",
o recitou com paixão,
e o tomou como seu,
porque vindo de um irmão.

Fora um hino à amizade,
o que onda do mar levou,
e que o Brasil com vaidade,
para si, logo o tomou.

21 de agosto de 2012

"O amor e um argueiro"










Ele:
Meu amor, porque chorais,
e o porquê de vosso pranto?
Se é por mim, bom que o façais,
também vos amo, garanto!

Ela:
Oiça amor: este meu choro,
não é choro verdadeiro.
não é por mor do namoro,
é tão somente um argueiro.

Um argueiro que em meu olho,
o leva a lacrimejar,
e como um qualquer abrolho,
é estorvo a ultrapassar.

Bonda eu ter que alancar,
com o enxeco e muito ardor,
quanto mais ter que aturar,
as suas loas de amor.

Se me ama como diz,
e com amor verdadeiro,
faça-me mulher feliz,
ouse sacar-me o argueiro.

18 de agosto de 2012

"Fantasia geométrica: a Recta"













O Ponto impulsiona a Recta,
numa infinita viagem,
rumo a uma ignota meta,
e sem tempo na bagagem.

E se a Recta for na Terra,
tem meta bem definida,
é um alvo que não erra,
porque é ponto de partida.

Singular contradição:
Pese o serem ambas Rectas,
e terem igual função,
rumam p'ra dif'rentes metas.

Mais outra contradição:
É curva na Terra, a Recta,
pois ser curva é condição,
p'rá Recta atingir a meta..

13 de agosto de 2012

"Fantasia geométrca: os Pontos"









Os Pontos de Geometria,
viviam com mil agruras,
sonhando com a fantasia,
de também serem Figuras.

Terem também o seu espaço,
não Pontos sem dimensão,
serem como um qualquer Traço,
da Figura em construção.

E rogaram ao Tratado,
Tratado de  Geometria,
remédio para o seu estado,
e que muito os afligia.

E o Tratado, porte altivo,
cordato mas com firmeza,
recordou-lhes o motivo,
do seu ser e natureza:

Que eram pedras basilares,
das Figuras, arquitectos,
na Geometria, ímpares.
e construtores dilectos.

Terem espaço é utopia,
um almejo surreal,
excêntrica fantasia,
e uma postura anormal.

Que mesmo sem dimensão,
causa das suas agruras,
são o esperma e a poção
na criação de Figuras.

3 de agosto de 2012

"OS BOYS E A BOYCRACIA"








São pedras num tabuleiro,
movidas por seus patronos,
tendo por sonho primeiro,
do poder serem seus donos.

25 de julho de 2012

"A CRUZ E O VOTO"










A cruz que por vós postada,
num ardiloso quadrado,
é a que ora é carregada,
por quem a não há votado.

20 de junho de 2012

"Fantasia geométrica: o Cubo"









Era um cubo angustiado,
seu volume não sabia,
quanto pesava atestado,
o que em seu ventre cabia.

Disposto a de si saber,
recorreu à Geometria,
p'ró seu complexo conter,
contendo o que o afligia.

Dela veio de ego cheio,
por saber já calcular,
e em jeito de devaneio,
viu-se ufano a recitar:

O volume é encontrado,
pós se ter multiplicado,
a área de um seu quadrado,
pela dimensão de um lado.

Também simples demonstrar,
a área de um tal quadrado,
basta se multiplicar,
um lado por outro lado.

Para que a angústia se esfume,
meça o peso, "obesidade",
multiplicando o volume,
pelo factor densidade.

18 de junho de 2012

"Fosse Deus uma mulher"











Fosse Deus uma Mulher,
teria o mundo composto,
um mundo com outro rosto,
plantio de Bem Me Quer.

Fosse Deus o Feminino,
só Nado Belo paria,
dando ao mundo a fantasia,
de valor em gráu Supino.

Fosse Deus uma Mulher,
outro coro cantaria,
porque ao mundo arrancaria,
as pétalas Mal Me Quer.

Fosse Deus o Feminino,
com outras pautas regia,
impondo ao mundo harmonia,
um Matriarcal destino.

15 de junho de 2012

"Fantasia geométrica: o Cilindro"














Era um Cilindro a agastar-se,
pois estava a sentir-se obeso.
Sem balança p'ra pesar-se,
desconhecia o seu peso.

E incomodado informou,
o Tratado Geometria,
do peso que o apossou,
mas o quanto não sabia,

que não tinha uma balança,
p'rá assim poder-se rever,
saber do porque da pança,
e tal maleita a conter.

Nota bem, disse o Tratado,
não penses mais na balança,
deixa tudo ao meu cuidado,
deposita em mim confiaça.

Primeiro, a Área calculo,
área da base, ou "cintura",
de seguida com um pulo,
meço também tua Altura.

Findas tais operações,
e as ter multiplicado,
tens a mor das dimensões,
teu Volume desejado.

Por fim irei obrigar,
a dimensão Densidade,
p'ra teu Volume abraçar,
medir tua obesidade.

13 de junho de 2012

"Fantasia geométrica:o Rectângulo"














Os vértices de um rectângulo,
um rectângulo quadrado,
ousaram ser de losango,
um seu parente chegado.

E ordenaram aos segmentos,
para que abram os seus braços,
e assim tais comportamentos,
possam encurtar os espaços.

Milagre da Geometria!
Com hábil e simples jeito,
surge a linda fantasia:
Losango, espaço perfeito.

E os vértices se cansados,
da mutação em tais espaços,
podem voltar a quadrados,
basta que baixem os braços.

Mas os baixando ajustados,
construindo ângulos rectos,
assim virando a quadrados,
sem alterar-lhe os aspectos.

12 de junho de 2012

"Fantasia geométrica: a Coroa Circular"












A plebeia circunf'rência,
sonhou ser da fidalguia,
p'ra tal pediu audiência,
ao seu Rei, a Geometria.

Curvada e mui reverente,
Disse ao Rei o que sentia,
expôs do que era carente,
seu almejo e fantasia:

Que era mera circunf'rência,
sonhando com a realeza,
tinha uma régia apetência,
ser sua filha e princesa.

E ao Rei, um bonacheiro,
lhe agradou tal fantasia,
mas quis impor-lhe primeiro,
problema de geometria:

Que dentro de si comporte,
uma outra circunf'rência,
e bem arreigada a suporte,
por toda a sua existência.

A circunf'rência fez contas,
e para o seu centro olhou,
e com compasso de pontas,
raio mais curto encontrou.

E com ponta no seu centro,
a outra ponta rodou,
e pondo assim por si dentro,
uma irmã, e a albergou.

Com problema resolvido,
és princesa: o Rei clamou,
e num gesto decidido
no momento a coroou.

No momento a coroou,
com a "Coroa Circular",
coroa que se forjou,
num problema regular.

5 de junho de 2012

"O Mundo em sofrimento"










Pobre Mundo! Sofre e geme,
pungentemente implorando:
Timoneiro verde ao leme,
e em constância consertando.

Os humanos inumanos,
de seus males indutores,
potenciam os seus danos,
do seu belo, castradores.

Alguém terá já cantado:
"o Mundo pula e avança",
mas temo o homem apeado,
indefeso, qual criança.

17 de maio de 2012

A SENSIBILIDADE E A "ROLHA"










Aqui neste nosso espaço,
não vejo "rolha" d'alguém,
para os poemas que faço,
e comentários também.

16 de maio de 2012

Pronúncia cebolense!










O mê filhe é dos mai lindes,
e s'acode comó sê pai,
vandes ver quande cá vindes,
só mê home ele nã sai.

Ele acode por Alfredite,
qué o nome do padrinhe,
bonda muito ter-lhe dite,
co mê goste era Agustinhe.

- E vosm'cê, ó tcha Judite!
Come acode o sê menine?
- Mê menine é Alfredite ,
mas mê goste era Fremine.

- E o teu ó Biatriz?
- Porra... ê nã te tinha já dite,
qu'ele acode por Luis,
mas mê goste era Alfredite?

14 de maio de 2012

"Os meus votos"







Minha Aldeia me receba,
aquando eu desta me for,
e minha campa conceba,
de meus versos, zelador.

Permita fundir consigo,
ser amparo e Eterna Mãe,
de meus restos, seu abrigo,
e Major Domus no Além.

Decomponha a transformar,
meu tecido em poesia,
para a campa se adornar,
numa eterna fantasia.

Seja também Celso Pouso,
almejada  Albergaria.
meu ad eternum repouso,
lauto exalo de harmonia.

11 de maio de 2012

"Saudade"








Saudade é amor que dói,
nostalgia, encantamento,
e ao senti-la se constrói,
o mais belo sentimento.

Saudade é amor que dói,
dor do tempo dor da idade,
é castelo e se constrói,
com as pedras da amizade.

O sentimento saudade,
um qual Cavaleiro Andante,
tem como dama a amizade,
e a toma como amante.

A saudade não perece,
se a matarmos, se recria,
mais em nós ela floresce,
mais intensa a nostalgia.

8 de maio de 2012

"Troika, a chula"











Ai vira que vira,
e torna a virar,
a troika to tira,
e torna a tirar.

E certo fulano,
da germana par,
lixa o lusitano,
e ajuda a sacar.

E saca que saca,
e torna a sacar,
e mamam na vaca
até se esgotar.

E quando esgotar,
a pobre da vaca,
vem um salazar,
e pega de estaca.

Ai vira que vira,
ai vira do "tuga"
a troika to tira,
e alma te suga.

16 de abril de 2012

"25 de Abril-Requiem"














Com cravos rubros sonhei,
e pombas brancas voando,
de meu sonho despertei,
p'rá realidade voltando.

Foi meu sonho um desalinho,
resquícios de um ideal,
um almejo columbino,
de um Abril em Portugal.

Vejo lapela com cravo,
qual cravo de ferradura,
cravo p'ró povo um agravo,
ferrete de desventura.

Requiem p'lo cravo de Abril,
não regado, definhou,
levou as "venturas mil",
e só saudade deixou.

Brotem cravos, outros cravos,
em vasos de outras janelas,
despojados dos agravos,
p'rá adornar outras lapelas.

10 de abril de 2012

"O ENXECO DE ZEUS"











Era um enxeco profundo,
o que o velho Zeus sentia,
algo faltava no mundo,
mas o quê? Tal não sabia!

E soou p'lo Monte Olimpo,
sua voz bradando aos céus:
Haja cura p'ró que sinto,
vos determino, sou Zeus!

Por perto Apolo passava,
belo porte, um rapagão,
e ao ver que o pai bradava,
quis saber qual a razão.

Por ali também andava,
Deusa Artemisa a caçar,
que interrompeu a caçada,
ao o ouvir também bradar.

E perguntou ao irmão,
do porquê dum tal estado.
Não compreendo a razão,
lhe disse Apolo, agastado.

Entretanto o velho Zeus,
dos brados passou aos ais,
ais impróprios para um Deus,
mais naturais em mortais.

Porque os manos constataram,
ser seu pai de algo carente,
prestes às Cortes rogaram,
intervenção muito urgente.

E por Hermes convocaram,
as Cortes Celestiais,
e sem pejo as informaram,
sobre Zeus e os seus ais.

Porque Asclépio lá presente,
um Deus médico versado,
foi logo indicado agente,
para Zeus ser medicado.

Mas eis que surge ofegante,
uma Musa e formosura,
que p'ra si pede um instante,
pois p'ra Zeus tem uma cura.

E lá disse a bela Musa:
Zeus tem maleita de amor,
uma poção não recusa,
dêem-lhe a Serra do Açôr.

E o velho Zeus logo amou,
a bela Serra do Açôr,
e aos Beirões a doou,
como uma prova de amor.

21 de março de 2012

"O porquê da poesia"














Ar carente e meditando,
era Zeus, um ser falhado,
algo lhe estava faltando,
para um Deus realizado.

E informou exaltado,
suas Cortes Divinais,
da carência, do seu estado,
estado impróprio de imortais.

E as Cortes, previdentes,
reuniram com urgência,
discutindo, sapientes,
do porquê de tal carência.

E razões não encontradas,
para tal enfermidade,
as cortes são encerradas,
não descoberta a verdade.

Eis que Euterpe, linda musa,
suposta filha de Zeus,
um tal estigma ao pai recusa,
e brada bem  alto aos céus:

A cura para um tal mal,
está na doce fantasia.
Há remédio capital,
e seu nome é: Poesia!

6 de março de 2012

"O Bando"












Contam que outrora imperava,
que vinha p'la madrugada,
que o sangue de Alfas sugava,
tornando mansa a Manada.

E que um Alfa do cercado,
mente aberta e livre, agiu,
era um Alfa Tresmalhado,
que as portas a Abril abriu.

E que o Alfa Iluminado,
com seus "vês" e fantasia,
e a par de cravos armado,
matou o bando, a tirania.

Mas o bando, porque imune,
aos rubros cravos de Abril,
renasceu e os Alfas pune,
erguendo um novo redil.

E que de novo instalado,
e sugando com voragem,
levou Alfas do cercado,
a lançarem a mensagem:

Haja um Alfa Tresmalhado,
para um outro Abril raiar,
mas de cravos bala armado,
para o monstro liquidar.

4 de março de 2012

O NOSSO FRUTO










Em teu ventre a semeámos,
semeámos por amor,
com amor a adubámos,
como se fora uma flor.

Como se fora uma flor,
flor de jardim em teu ventre,
nosso legado em alvor,
elo de amor para sempre.

E qual flor desabrochou,
de parto e vida a raiar,
a corola libertou,
para o fruto despontar.

E nasceu o ser amado,
ser amado e nosso fruto,
e dá-lo como legado,
foi o nosso contributo.

3 de março de 2012

O TACO E OS TROLLS











Abundam os trolls do taco,
e abancam por São Bento,
vendendo a Pátria a pataco,
pondo-lhe o cu ao relento.

E p'las bandas de Belém,
outros trolls de comendas,
a lixam dando o amen,
autenticando tais vendas.

Outros trolls a infestam,
são abutres rebuscando,
comendo sobras que restam,
e dessa forma a lixando.

E a Pátria, um borregão,
pelos trolls enfeitiçada,
prostrada, sem reacção,
definha, porque sem nada.

28 de fevereiro de 2012

"Quadras Soltas"








É primário no saber,
que o cozido não descoze,
e impossível inverter,
processo em metamorfose.

Esta eu não vos alvitro,
porque impossível, o creio,
pôr quantidade de litro,
numa garrafa de meio.

Sejas gente, mente franca,
limpa teus olhos primeiro,
nos teus não vês uma tranca,
nos dos outros, vês argueiro.

Uma vida, porque vida,
onde não campeia amor,
é como a carne curtida,
sem tempero, sem sabor.

"Amor de Alma"








Era um ente transparente,
e junto a mim se deitava,
não tinha forma de gente,
meigamente me abraçava.

Era a minha alma, carente,
que em meu sono me deixara,
quis conhecer outra gente,
para outros sonhos voara.

De seus beijos me inundou,
beijos de fluxo abundante,
mas ternamente me amou,
como se fora uma amante.

Regressou, tinha  saudade,
noutros sonhos vagueara,
Ente a sós, sem entidade,
porque de mim se apartara.

Findo o sonho e devaneio,
e por minha alma criado,
ofertei, pus em seu seio,
minha vida, o seu legado.

27 de fevereiro de 2012

Sabor da Beira










O sabor da linda Beira,
brota do seu condimento,
sua gente hospitaleira,
e modos de acolhimento.

Da beleza dos seus montes,
serpenteio dos seus rios,
água jorrando das fontes,
do ameno dos seus estios.

Da sua gastronomia,
de prazer manacial,
e nela a doce alquimia,
o seu vinho  divinal.

Do folclore secular,
com seu canto e sua dança,
e seus modos de dançar,
ao jeito de contradança.

Mas o povo, a sua flor,
entre modos é seu halo,
supra aroma do sabor,
do forasteiro o regalo.

24 de fevereiro de 2012

Manjar dantesco!







Fritam almas em azeite,
há muito do corpo soltas,
e também p'ra seu deleite,
defecam nas suas bocas.

Satanás, o mais safado,
arrotando e com azia,
um intestino grelhado,
com prazer o consumia.

Um ladino mafarrico,
com ar guloso, o pimpão,
lá papava de um penico,
um tenrinho coração.

Entretanto o Lucifer,
tido como cavalheiro,
surripava uma mulher,
e a papava prazenteiro.

Um diabrete invertido,
em tal orgia abancava,
e mariconço assumido,
uma alma macho papava.

A uma pura alma olheira,
que Deus p'ra lá destacou,
sofreu forte caganeira,
não contida, se borrou.

Borrou-se e dali fugiu,
cu com medo, apavorada,
pois aquilo que ali viu,
de justiça, tinha nada!

Para o céu prestes voou,
como alminha revoltada,
e ao inferno não voltou,
por temer lá ser papada.

E em banho de água benta,
com poção de celsas flores,
libertou-se da tormenta,
da borrada e seus odores.

20 de fevereiro de 2012

" O FADO E O RUÍDO"














A solo:

Um Ruído impertinente,
à porta dum Fado cantou,
convencido de haver gente,
a quem seu canto encantou.

Com surpresa do Ruído,
pelo Fado foi vaiado,
fora o Fadinho Corrido,
que o vaiou em tom irado.

Agastado e sussurrando,
deu de frosques humilhado,
e seu sussurro cerrando,
foi cantar para outro Fado.

Para outro Fado cantou,
cantou p'ró Fado Mandado,
mas este Fado o calou,
fechando a porta ao safado.

Passava o Fado Vadio,
vindo da borga o gingão,
meio torto e com fastio,
foi às fuças do mangão.

Por fim o chato Ruído,
combalido constatou,
ser apenas um sonido,
sem audição, definhou!

Em coro:

Ó Ruído! Vai-te embora,
vai-te embora, seu safado,
faz silêncio e colabora,
porque vai cantar-se o Fado.