poesia

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29 de dezembro de 2013

Almada, minha odalisca!












Lisboa era a minha amante e odalisca em fantasia,
e o também meu doce lar, em seu colo aconchegante.
Mas aquém por esta margem, uma outra me sorria,
era Almada, outra odalisca, com seu charme cativante.

Coquete, desnuda de véus, mostrava quão bela era,
que a forma de todo o corpo, era um outro céu na terra,
que era odalisca p'rá amar, tornando mais doce a quimera.

Porque assim e seduzido, para esta banda rumei,
fiz de Almada minha amante, no seu colo me entreguei.

15 de dezembro de 2013

A minha escada da vida!












Na minha escada da vida, em sua via ascendente,
e já com o topo á vista, a vislumbrar outra banda.
recordo os degraus que subi, até ao tempo presente,
e que foram elos de mim, na minha vida e demanda.

Recordo a bela Cebola, degrau que me viu nascer,
e que agatinhar o deixei, para um outro ir trepar,
o degrau a Panasqueira, terra que me viu crescer,
e também nascente fonte, onde o amor vi brotar.

De outros degraus me recordo, na minha longa escaleira,
mas os que mais me marcaram, me levaram a ser gente,
foram os degraus Cebola e a saudosa Panasqueira.

E aquando todos subidos, já em pleno patamar,
olharei bem para o fundo, p'rós primeiros na escaleira,
e sua imagem reter, para ad eterno os recordar.

8 de dezembro de 2013

A cor Mandela!













Tivesse eu os poderes dos magos e pintaria
arcos iris com gotas de água da mais linda cor,
a cor Mandela, e por golpes de pura magia,
com eles regava a terra, para a inundar de amor.

7 de dezembro de 2013

A Nelson Mandela!














Tivesse eu o poder de um mago e criaria,
um arco sem iris e de luto vestido,
e com ele, a terra lacrimosa envolveria,
como preito por uma estrela que há partido

3 de dezembro de 2013

Amor perfeito!


O amor, aquando perfeito, se transmuta para trindade,
vira cego e surdo mudo, numa louca e doce afinidade.

Vira cego para que não vejam, as pancas de quem se ama.
Vira surdo para que não se oiça, o que das pancas se diz.
Vira mudo para se alhear, de quem diz que pancas são trama.
É assim, o amor perfeito, com pancas, mas mais que feliz.

22 de novembro de 2013

A Meta!










Creio que fui gerado, p'ra correr a prova da vida,
e sem dotarem a carta, com qualquer rota traçada,
mas nela contendo a meta e muito bem definida:
o ocaso e meta morte, com bandeira desfraldada.

Creio ser do livre arbítrio, os meus modos de correr,
que as pedras onde tropeço, são por mim lá colocadas,
que a morte, p'rá além de meta, é também o renascer,
irei correr noutras provas, com metas noutras estradas.

16 de novembro de 2013

Puzzle incompleto!














Sinto-me como se fora um puzzle incompleto,
incompleto, porque sem Musa no seu lugar,
e carente de estros, imploro ao Deus Alfabeto,
para que o complete, para assim poder poetar.

10 de novembro de 2013

O rogo de São Martinho!


















Abri a torneira à pipa, para assim poder testar,
o aroma e o sabor, que brotam, exalam do vinho.
E porque ébrio e sem sizo, por tanto dele provar,
senti-me a ouvir uma voz, era a voz de São Martinho.

Era a voz do pobre santo, que por protestos pungentes,
rogava que o dissociassem, de um tal evento pagão,
para em anais só ser tido, por protector de indigentes,
e não patrono de farras, por não ser sua função.

31 de outubro de 2013

Protesto de um já ido!

Da minha sepultura, os meus pés não arredarei.
Optei quedar-me nela e não embarcar para Além.
Os julgamentos dos que já se foram, invocarei,
para justificar a opção de quedar-me em Aquém:

Logo após desta partidos, somos a Juízo levados.
Pecados vistos à lupa, para as penas proclamarem,
as penas que as almas lavam e redimem os pecados,
e assim aos Céus subirem e ad eterno os gozarem.

Se a Juízo já nós fomos e proclamada a sanção,
porque por um outro Juízo, o Final, somos julgados,
se os pecados cometidos, se encontram em remissão?
Porque assim, meu protesto lavro e o lanço p'rós jurados.

Assina,
Um que desta já se foi.

28 de outubro de 2013

P'rá gente da minha Aldeia!















Ó gente da minha aldeia,
gente da aldeia mais bela,
sejam gente que alardeia,
o prazer de viver nela.

Soltem vivas e hosanas,
deitem fogo de artifício,
garotada vão às canas,
participem no bulicio.

Ponham a banda a tocar,
aperaltem-se asadinhos,
e vão p'rá eira dançar,
toda a moda agarradinhos.

E quando o sol não raiar,
cantem todos, com clamor,
façam a lua acordar,
para a dança ter sabor.

Noite fora, já sem brilhos,
e atirando p'ró alvor,
vão p'rá cama, façam filhos,
mas os façam com amor.

26 de outubro de 2013

Juízo Final?

















Do meu pouso aqui, no Além, os meus pés não arredarei,
porque após olhos cerrados, fui em Juízo sentenciado.
O meu estado de defunto e já julgado invocarei,
como prova de incapaz de cometer novo pecado.

Aquando de Aquém me arredei, prestei contas do pecado,
e com penas editadas, para dele ser remido.
Porquê para um outro Juízo, o Final, eu sou levado,
se por pecado em anterior Juízo, já fui punido?

15 de outubro de 2013

Maganice!











A Magana levantou a saia arriba do seu joelho,
e ele quedou-se surpreso, por algo que nela viu.
De nú, da cinta para baixo, só conhecia o artelho,
e face a um tal encanto, persignou-se e genunflectiu.

E braços abertos em prece, perante um tal sortilégio,
viu-se à Magana a rogar-lhe: permite-me poder-te ter,
que me aposse do teu sacrário, cometer um sacrilégio,
e assim ousar dizer, que ascendi ao céu sem falecer.

E ela brejeira, com seus modos de safada, se abriu,
e como se fosse hóstia em patena, se deu a comungar.
Ele o sacrílego, nela aconchegado ao seu céu subiu,
e à terra desceu livre e sem pecado, pós ejacular.

10 de outubro de 2013

Homo vírus!










Só silêncio e um silêncio sepulcral.
Fora em tempos uma mata, palco de vida,
tendo por plateia o bulício animal,
hoje é deserto, só pela morte assistida.

Pelo homo vírus infectada, finou!
E ao finar-se, deixou aviso em legado:
Se não renascer levarei quem me matou,
porque sem mim, o homo vírus é finado.

30 de setembro de 2013

Vale sem lágrimas!











O mundo chora sem lágrimas, porque vazio.
E não tem onde ir a captá-las, o Vale secou.
O homem, incauto, insano ao modo gentio,
para Vale deserto sem água, o transformou.

Porque sem lágrimas, para em chuva as derramar,
lancá-las ao Vale, como o esperma ou semente,
vê-se um mundo infecundo, incapaz de procriar,
voltar a ser vedor e da lágrima a nascente.

24 de setembro de 2013

Povo castrado!











Povo castrado como se fosse um eunuco,
sem seu escudo a odalisca, posto de lado,
porque entendido em estado gasto e caduco,
é posto à margem pelo euro um califado.

Povo castrado, sem falo para gerar,
o seu próprio califado em seu espaço,
as suas próprias odaliscas, para amar,
e o seu escudo, a sua muralha de aço.

Povo castrado, por capado governado,
abutre a soldo de um califa sito a norte,
que rouba a nata, o povo qualificado,
e lha envia p'ra pecúlio em cofre forte.

Povo castrado...

13 de setembro de 2013

Nirvana, meu almejo!














A fim de que alcance um status Nirvana,
irei poetando em percurso Darma,
e bebendo as leis que uma fonte emana,
a mais sábia fonte, a divina Carma.

E poetarei em modos de outrora,
criando a Quadra dotada de rima,
a forma na qual o meu prazer mora,
e onde o ditame da mãe Darma prima.

E porque do Carma um seu postulado,
levarei ao verso a sílaba métrica,
para que em Nirvana, o status sagrado,
possa ver a chama da alma poética.

Status Nirvana, altar mor em poesia,
e sacro altar onde almejo ir rimar,
cumprir meu fado e minha fantasia,
para poeta assim me possa apodar.

11 de setembro de 2013

A poção em poesia!










Ao bulirem com a poesia,
barrem-na com letra doce,
e alguns pós de fantasia,
como abracadabra fosse.

E a sirvam, qual poção,
para as palavras fluirem,
dar ao poeta inspiração,
e os poemas se abrirem.

3 de setembro de 2013

O Coiso em Além!








O pós morto:

Mostra-me onde fica o Coiso, anfitrião!
Sou uma alma penada e vinda de Aquém,
desnuda do corpo, porque é condicão
e a rogar os coitos dos que o Aquém tem.

Leva-me pela mão e mostra-me os trilhos,
os que levem ao Coiso, a doce Quimera.
E permite  carregar com meus cadilhos,
os que a Aquém me prendem e lembrem quem era.

Leva-me ao sítio do Coiso, anfitrião!
Mostra as lindas almas que ele por lá tem,
satisfaz o meu desejo e meu tesão,
deixa coitar, como se coita em Aquém.

O anfitrião:

O que pensas ser o Coiso, alma penada?
Aqui não é como Aquém, um lupanar!
Daqui, do que desejas não levas nada,
porque um local de culto e não de coitar.

O pós morto:

Mas que grande porra isto, anfitrião!
Este teu Coiso de Além, não tem nexo.
Deixa que retorne ao meu corpo em caixão,
volver p'rá Aquém, p'ra poder curtir o sexo.

1 de setembro de 2013

As rédeas da vida!


As rédeas da vida são vossas, empunhem-nas!
E para que delas outros não se apossarem,
tenham-nas como que armas fossem e usem-nas,
lutem com elas pelas metas que almejarem.

Tomem as rédeas, delas vosso leme façam,
saquem os freios e os ponham à rédea solta,
varram os medos e os trapos que amordaçam,
para vogarem com bons ventos pela popa.

Tomem as rédeas e dos hermes se libertem,
e assim fruirem o sabor da igualdade.
Cerrem fileiras e outras rédeas despertem,
sejam Espartacus, lutem pela Liberdade.

30 de agosto de 2013

Passos dançante!










Este passos de coelho,
de coelho não são passos,
e não passam dum modelo,
muito fértil em fracassos.

E o portas com desvelo,
p'rós mercados acalmar,
mesmo sem igual modelo,
com o passos quer dançar.

É tão certo, tarda nada,
irei vê-los dançar tango,
descambando p'rá lambada.

E o Zé, deles anti,
porque juri, dá-lhes nega,
e de tal lambada ri.

29 de agosto de 2013

Bucolismo: O pastor e a cabra!











Cabra dum raio que te parta,
sais à chiba que te pariu,
e ao pai bode que já partiu,
coisa alguma, já te farta.

Larga, larga as couves, cabra!
Ouve o cachorro a ladrar,
olha que o dono não tarda,
não o estás a enxergar?

Sai, sai daí seu estupor,
se não levas com cajado,
nesse teu belo costado.
Salta a sebe, por favor!

Muito bem, sempre saltaste,
o juízo tu tomaste.
Vá... antes que a noite venha,
preparemos a ordenha.

28 de agosto de 2013

Crónica matizada!











Actuação das manas Anas: a Cláudia e a Filipa.
Evento: Reviver n(as) Minas, em 2010
Autor da foto: António Madeira Antunes.
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Apraz-me por em destaque,
ledas e belas moçoilas,
tocando trechos de Bach,
quais ondulantes papoilas.

Elas foram primazia,
e de postura requinte,
o seu toque foi magia,
um maná para o ouvinte.

O seu toque foi magia,
e com charme a envolvê-las,
o auditório não sabia,
se ouvi-las, ou se vê-las.

Foi patente a empatia,
com evidentes sinais,
e a manifesta alegria,
ao ouvi-las, dos seus pais.

Foram mensageiras d'arte,
Calíopes de corpo inteiro,
o prazer para o que parte,
mas que se afirma mineiro.

Celestial bolsa de valores!













Dizem ser da cristandade,
e seu culto praticando,
e em actos de caridade,
paraisos vão comprando.

Um descaro e despudor,
tal bondade praticarem,
fazerem da esmola valor,
p'rós paraisos comprarem.

A caridade os consola,
mesmo sem bula papal,
para tornarem a esmola,
num seu crédito oficial.

A pobreza é um estatuto,
que advogam e p'ra durar,
ela é seu salvo-conduto,
para no céu poderem entrar.

25 de agosto de 2013

Abram o Livro!









Abram o Livro e permitam eu saber,
saber porque a Terra se encontra a girar,
qual o motivo que a leva a se mover,
e quem ao leme a conduz no seu vogar.

Abram o Livro para poder-me informar,
qual o Engenheiro que a Terra formatou,
e que sem asas para assim poder voar,
para o Universo desasada a projectou.

Abram o Livro e perguntem ao autor,
quem ele é e também por onde ele anda,
se do Universo é também seu criador,
e se p'rá Terra projectou sua demanda.

15 de agosto de 2013

Para a velhinha que adoro!










Permite o meu abraço, doce velhinha,
e que por dentro de tua alma eu viaje,
sentir-te como que foras musa  minha,
fruir de tudo o que em ti tens de vintage.

Permite-me as tuas rugas transmutar,
e as transmute p'ra fontes do teu Saber,
por onde possa a minha sede debelar,
e ter-te em mim, pelo teu Saber beber.

Permite ser teu amparo, um teu bordão,
o protector, como um Cavaleiro Andante,
dos teus haveres, ser um firme guardião,
e dos afectos, ser um qual fiel amante.

11 de agosto de 2013

O burro, o dono e a nora!








Arre burro! Gira a nora,
gritava o dono p'ró burro,
e o asno, calma fora,
respondia com seu zurro:

Se tens sede, eu também tenho,
não fui eu que assim te pus,
e longe vai meu empenho,
em por água ao alcatruz.

E mais o burro zurrou:
que a condição p'ra rodar,
é dar-lhe do que semeou,
tudo o que mais lhe agradar.

E 'inda o burro a zurrar:
tira-me a puta da venda,
quero ver o que pisar,
no percurso, minha senda.

O dono um acautelado,
os olhos lhe desvendou,
e deu-lhe o pasto de agrado,
o que antes reivindicou.

E o burro zurrou ao céu:
sou feliz, haja alegria,
cumpriu-se um desejo meu,
ganhei certa autonomia.

Foi assim...

8 de agosto de 2013

Carta a um amigo finado!









Impedi a carpideira,
de por ti, chorar, carpir,
e lhe impus outra maneira:
chinfrinar, bailar e rir!

Actuei firme e preciso,
fi-lo por ti, p'lo que és,
activei o seu sorriso,
fiz-lhe cócegas nos pés.

Mas um sorriso é bem pouco,
porque trejeito p'ra mouco.
P'ra defunto, gargalhada,
e a bandeira despregada.

O que fazer? Como agir?
Eureka, lá encontrei!
Para por a velha a rir,
o seu rabo lhe apalpei.

E santo acto praticado,
pois por ti ela bailou,
e se ficou num tal estado,
que bem alto gargalhou.

Outra medida tomei,
de por ti nutrir afecto,
de luto não me trajei,
naõ alterei meu aspecto.

E me fiz de batuqueiro,
em teu caixão batuquei,
partiste p'ró céu prazenteiro,
p'lo batuque que te dei.

Ó diacho, ora entendi,
o quem sou, qual o meu estado,
e daí me apercebi,
que também eu estou finado.

E feliz por ser finado,
e poder participar,
contigo, bem a meu lado,
no além a poetar.


Crença ecológica!







E em tempos que virão,
faço por acreditar,
levareis filhos p'la mão,
ver peixinhos em ETAR.

4 de agosto de 2013

Ser poeta!








Autores: Victor Serra e Zé Loureiro.

De Victor Serra:

Ser poeta é ser dif'rente,
é sentir o que outro sente,
é amar sem ser amado,
é rejeitar o seu fado.

Poeta é ver em tudo o amor,
é ver o sol na tormenta,
é ser bálsamo na dor,
é sorrir quando acalenta.

Poeta é mente nascente,
é a quimera a brotar,
que com seu verso lucente,
leva a tristeza a placar.

De Zé Loureiro:

O poeta é regadio,
dos alfobres de palavras,
do trivial, arredio,
um vedor de abracadabras.

O poeta é o recobro,
do carente em fantasia,
e remédio p'ra soçobro,
com a bula em poesia.

O poeta é navegante,
no mar sito em verbo amar,
e a estrofe sua amante,
musa ao leme a navegar.

2 de agosto de 2013

Alma Mineira










Não deixei de ser Mineiro,
o assumo com vaidade,
e o sou de corpo inteiro,
por amor e ser verdade.

Tenho orgulho ser quem sou,
minha origem não olvido,
sou gente que sempre amou,
a terra onde eu hei nascido.

Ser Mineiro e Sanjorgense,
é o estado em meu pendão,
tirar-mo, ninguém o pense,
porque é sagrada paixão.

30 de julho de 2013

O sabor do amor!










Degusto todos os modos do verbo amar,
e o meu eleito, porque um celso pitéu,
é o infinitivo no seu modo singular,
que p'lo sabor me eleva e me aporta ao céu.

O amor é o tempero a que mais eu me apego,
meu portal de acesso para outros amores,
porque mágica poção, a ele me entrego,
para que me faculte todos os seus sabores.

Degustar a conjugação do verbo amar,
é ante-câmara de outras conjugações,
a safra de outros verbos de amor a raiar.
e com chancela para comportar paixões.

15 de julho de 2013

Os lorpas comem com os olhos!










Moderou os passos ao vê-la passar,
o seu belo busto abriu-lhe apetite,
e também as ancas no bambolear,
muito o induziram vê-las acepipe.

E ela a magana, com seu ar safado,
ao vê-lo banzado, mais se excedeu,
ele, pobre lorpa, porque fascinado,
lançou-lhe um olhado, guloso a comeu.

E findo o repasto, coito virtual,
estugou os passos e a cantarolar,
e com riso alarve, este bem real,
lá se foi impado, feliz e a arrotar.

Foi assim...

22 de junho de 2013

"Afectos melodiosos"












E ao revê-la viu esvair-se a nostalgia,
sentiu-se envolto pelo manto maternal,
e belas estrofes numa linda melodia,
que o elevaram para um estado original.

Por mesma pauta em amor se conjugaram,
se confundiram pela mesma melodia,
e ao sabor de celsas notas libertaram,
outros amores, numa lauta sintonia.

20 de junho de 2013

Hino à Senhora das Preces












Linda Senhora das Preces,
do Eden um seu Portal,
porque beirã enalteces,
das Beiras, seu natural.

Permitas que possa amar-te,
Virgem Bela e Redentora,
possa meu rogo alcançar-te,
p'ra de mim seres senhora.

Tenha meu rogo aconchego,
em teu Seio Sacrossanto,
p'ra minha alma ter sossego,
ter protecção em teu manto.

Que minha alma em ti repouse,
o meu mais ardente almejo,
teu amor em mim se pouse,
seja cais do meu desejo.

Obs. Transportado do "Quadrassoltas"

11 de junho de 2013

O monstro traga gente!










As minas na minha aldeia,
foram úteis certamente,
pese o tê-las na ideia,
como um monstro traga gente.

Muitos foram os tragados,
foi o meu, talvez teu pai,
outros já não recordados,
porque a memória se esvai.

Esse monstro traga gente,
esse cruel predador,
sorveu corpos lentamente,
e das famílias foi dor.

Esse vil monstro nefasto,
de seu nome silicose,
fez do pulmão seu repasto,
e da morte apoteose.

10 de junho de 2013

Quem sou eu?















Vogando dentro dos meus eus me aportei,
ao meu registo ignoto que ali fundeou,
e nele ancorado e inquieto indaguei,
quem sou eu, de onde vim, para onde vou?

Por onda emergente o registo informou:
sobre o que indagaste também desconheço,
sei que sou eu, que de ti, também eu sou,
e de agnosticismo, também eu padeço.

E do meu outro eu me desamarrei,
vogando em rota firme e sem procelas,
e porque liberto delas me encontrei,
segui ao livre sabor, arreando as velas.

4 de junho de 2013

Lacunas de amor!








Sinto-me como se fora um não completo,
meu amor voga no tempo limitado
voga em franjas de tempo e não repleto,
porque de modo imperfeito foi gerado.

Almejo amar e em espaço intemporal,
o amar, indo para além da razão,
em espaço cerzido por um puro ideal,
e assim as lacunas terem redenção.

29 de maio de 2013

Fado: O Amor Perfeito!









Deixa-me entrar em teu peito,
para semente apanhar,
a semente Amor Perfeito,
para em meu peito a lançar.

Para em meu peito a lançar,
e germinar outras flores,
criando um espaço de amar,
o dos Perfeitos Amores.

O dos Perfeitos Amores,
amores nossos legados,
também polens criadores,
para outros espaços lançados.

Para outros espaços lançados,
com azimute em portal,
o Mundo dos Bem Amados,
do Amor Perfeito Ideal.

27 de maio de 2013

Nunca lhe direi!








Mesmo ferido de feridas que não suturam,
e por resquícios de um amor mui mal amado,
e  de outros desamores que também  perduram,
nunca lhe direi: Foste o meu mais triste fado!

As feridas pelas quais a ela eu me apego,
são meu calvário, estigmas de dor a lavrar,
mas jamais lhe direi, pese a cruz que eu carrego:
Sai de mim, para que dela me possa apear.

20 de maio de 2013

Abram alas ao amor!











Abram alas, deixem o amor voar,
libertem a pista, varrendo-lhe abrolhos,
assim possa erguer, o sacro verbo amar,
e levar venturas, soltas de seus escolhos.

E que no seu voo, o verbo amar conjugue,
que o lance e semeie, p'los modos verbais,
e que ao mal amado, lágrimas lhe enxugue,
com sopros de amor, nos seus tempos vitais.

Abram alas, deixem despontar o amor,
o cativem, dando-lhe um terno regaço,
o adubem como se fora uma flor,
o libertem, o não prendam num só espaço.

9 de maio de 2013

Benquerença, uma estrela!






Foi um clamor exultante,
e toda a terra tremeu,
nascera estrela brilhante,
fora um deus que a concebeu.

Fora Zeus seu criador,
em tela sita na Beira,
dotando-a de multicor,
e postura sobranceira.

Benquerença fora a tela,
que o Deus dos deuses criara,
por morrer de amor por ela,
a outra estrela a doara.

A doara ao Benquerido,
um também astro brilhante,
que por ela seduzido,
se entregou, tornou-se amante.

Como amante a endeusou,
talhou nicho, o seu altar,
por sua Diva a tomou,
para ad eternum a honrar.

5 de maio de 2013

Amores vogando!








Serrem grades e libertem o vosso amor,
e o libertem para que em fluidos vogarem,
vogarem por leito e harmónico fervor,
para inundarem os que dele se acercarem.

E que por modos de sedução os banhe,
que em seu seio ejacule e semen semeie,
e assim os fecunde, os tornando prenhe,
p'ra que outros apegos, amores granjeie.

3 de maio de 2013

Contrição!










Perdoa negro, amigo meu,
se te feriu, ou te matou,
esse que fui, já não sou eu,
eu sou alguém, que se encontrou.

Que se encontrou, que percebeu,
o jogo em que se viu lançado,
e do mesmo se desprendeu,
repeso por tê-lo jogado.

Que se encontrou, que percebeu,
quão justa era a tua luta,
que o lado errado, era o seu,
do irracional na disputa.

Por perceber e se encontrar,
espero, meu negro amigo,
que me consigas perdoar,
e faças as pazes comigo.

17 de abril de 2013

Amor de Mar!









O amor de mar, é aquando em mar chão,
a mais terna, a mais sublime das delícias,
e o verbo de amar em conjugação
em leito de espuma com meigas carícias.

Mas se o mar, é por vagas a se espraiar,
ao sabor dos seus ventos ululantes,
cerceará conjugar o verbo amar,
se transmuta p'ra tumba de seus amantes.

Haja mar, mas para amor vindo em mar chão,
seja alcova e celso abrigo dos amantes,
um poiso de gozo, brotando paixão,
com braços de areia, modos afagantes.

14 de abril de 2013

"Bipolaridade"








Sofro, mas não de fadiga,
sofro pelo meu contrário,
e porque dispar me obriga,
a cumprir um tal fadário.

Masoquismo singular,
amo o que outro eu odeia,
contradição bipolar,
que me prende à mesma teia.

Modos vivendi opostos,
o de ambos os meus eus,
e porque me são impostos,
meus modos são como os seus.

Rogo a meus eus que se fundam,
e se unam p'lo mesmo nó,
que meus poemas difundam,
como se fossem um só.

1 de abril de 2013

"Amor Alpino!"












Comentário poema, a um poema de Suzana Pallanti, no seu Blogue, VOZES DE UMA ESCRITORA.
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Sendo nos Alpes a pousada, albergaria,
por onde se acoita e se move o teu amor,
ousa e procura, debelar a nostalgia,
voar para eles, como se fosses condor.

Que no seu poiso, edifiques vosso ninho,
o ninho alcova, vosso lar, também  abrigo,
para em chamego e o teu mais doce carinho,
haja o desejo, para amor fazer contigo.

Abre tua alma te afoitando na procura,
voando alto nos teus modos de planar,
para colheres teu amor, tua ventura.
e se conjugue para vós o verbo amar.

25 de março de 2013

"O meu Deus é porreiraço!"











O que se diz meu Deus, é porreiraço,
um muito meu amigo a tempo inteiro,
e concordante com tudo o que eu faço.
É um fidelíssimo companheiro!

Quando digo mata, ele diz: esfola.
Um Deus aberto, sempre a me apoiar,
se me vê triste, logo me consola,
vira um palhaço para me alegrar.

Sempre que carente de algum conselho,
desloco-me ao seu poiso, um tabernáculo,
com portal de entrada no meu espelho.

E por sortilégio, encanto dos seus,
prendo-me ao espelho, o que dele emana,
porque a sorrir me diz: Zé, és teu Deus!

18 de março de 2013

"Enzo, essa Flor!"







Para o Enzo, neto da minha amiga Livete,
pelas suas três primaveras:

Num jardim, sito em Natal,
por sementeira de amor,
lançada em coito ideal,
brotou Enzo, a bela flor.

E a flor ao desabrochar,
de si vogaram odores,
indo a Manaus se pousar,
p'rá abraçar avós/amores.

Os avós também jardins,
e jardins aconchegantes,
são de aromas seus afins,
porque de flores amantes.

E o Enzo/flor cresceu,
três primaveras brotou,
e dos avós recebeu,
aromas que muito amou.

Parabéns amiguinho!
Sou o Zé Loureiro.

9 de março de 2013

O beijo quando roubado...










O beijo é, quando roubado,
ardil de quem o roubou,
pois espera ver-se obrigado,
a pô-lo onde o tirou.

O beijo, quando roubado,
tem um divino sabor,
pois dele brota impregnado,
o travo doce do amor.

6 de março de 2013

Cais da saudade!







No meu passado voguei,
por rota rumo à saudade,
finda a demanda aportei,
ao tempo: o Cais Mocidade.

Com prazer vi atracando,
um "submarino amarelo",
e nele os Beatles cantando,
dando ao Cais, momento belo.

Ouvi um sublime canto,
da diva a Ima Sumac,
levando ao Cais um encanto,
e adoçando o atraque.

No Cais também vi heróis,
os de banda desenhada,
Cisco e Rogers, os cowboys,
meus heróis na "coboiada",

Vi também um paladino,
nobre Cavaleiro Andante,
cujo lema e seu destino:
das damas ser um amante.

Mas a grata sensação,
que adveio, vinda do Cais,
foi a bela aparição,
dos meus saudosos pais.

Finda a saga demandei,
após ter morto a saudade,
e p'ró meu tempo rumei,
o tempo da minha idade.