poesia

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21 de dezembro de 2012

Desabafo em soneto!








Amo tudo o que seja povo,
com seus "feios, porcos e maus",
pois no meio dele me movo,
navegando nas mesmas náus.

Amo-o tanto quanto o odeio,
por entregar-se a quem o odeia,
a besta que lhe põe um freio,
e que o prende na sua teia.

Amo-o tanto quanto não me ama,
quando abraça a quem não abraço
e me enreda na mesma trama.

Como o amo  não me desfaço,
manterei viva a minha chama,
de mover-me no mesmo espaço.

6 de dezembro de 2012

"África minha" e memórias luandenses!










África, "África minha",
meu colossal embondeiro,
és berço, também madrinha,
de Adão, o nosso primeiro.

África da Negritude,
tem Luanda por seu halo,
pois lhe conhece a virtude
de outras gentes, ser regalo.

Luanda de meus amores,
dos merengues nos muceques,
da catinga e outros odores,
dos travessos dos moleques.

Luanda de meus amores,
do bairro branco, a Maianga,
do muceque com mil cores,
o saudoso Sambizanga.

Mas o halo de Luanda,
é o espaço Miramar,
porque a mais bela varanda.
p'ra ver o  mar  se espraiar.

Luanda, bela negrinha,
eu te trouxe na memória,
o amar-te é sina minha,
e legado em minha estória.

2 de dezembro de 2012

"Amor ao primeiro toque"








Muito levemente se tocaram,
numa saída de passageiro,
e olhar cúmplice partilharam,
naquele remoto apeadeiro.

Ele, anos volvidos regressa,
ao ponto onde encontrou seu amor,
para ali cumprir uma promessa:
lançar ao vento uma linda flor.

Lançando a flor, baixinho dizia:
aqui nos tocámos, doce amor,
partimos p'rá nossa fantasia,

e chorando de angústia e de dor,
clamava: porque ele não partia,
para assim, juntar-se ao seu amor.