poesia

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28 de julho de 2011

"Lágrima"










Lágrima, o desencanto,
o verter de sentimento,
mosto de dor em decanto,
pós processo de fermento.

Prazer mutado em deleite,
um sentimento implodido,
simulacro p'ra que enfeite,
excelso regalo sentido.

Lágrima, a sedução,
logro pela fonte urdido,
o engodo e atracção,
do incauto seduzido.

Singular polivalência,
dor, amor, mais emoções,
fluido amorfo e decorrência,
do libertar de paixões.

27 de julho de 2011

"Lúcifer, Anjo de Luz"










Lúcifer, Anjo flamante,
porte altivo, aprimorado,
porventura o mais brilhante,
que por Javé foi criado.

Porque de fino recorte,
e da estirpe Querubim,
Javé o indiccou suporte,
do seu Terrestre Jardim.

Do seu Terrestre Jardim,
lar do Fruto desejado,
Fruto Adão, o seu afim,
e glória do seu reinado.

Lúcifer, Anjo guerreiro,
porte nobre, senhoril,
recusou ser um caseiro,
qual cão guarda de redil.

E de Javé se apartou,
por outra paixão movido,
d'outra faina se ocupou:
a alma do Fruto caído.

Dizem se passou assim,
Lúcifer com sua estória,
um proscrito Querubim,
nos legado p´ra memória.

23 de julho de 2011

"Fantasia geométrica: a Hipotenusa"










Uma linda hipotenusa,
anseia ser diagonal,
porque bela, se recusa,
não cumprir sexo real.

Sonha viver em quadrados,
libertar-se dos catetos,
desfrutar de quatro lados,
potenciar seus afectos.

E rogou à geometria,
invocando o seu tratado,
lhe faculte a fantasia:
a curtição ao quadrado.

Sorridente a geometria,
prontamente aquiesceu,
e num gesto de mestria,
ângulo recto concedeu.

P'ró ângulo concedido,
sugeriu ser ajustado,
e por catetos unido,
originar um quadrado.

13 de julho de 2011

Os malefícios do polegar no pensamento primata!










Estava o gorila sentado,
circunspecto, ar sisudo,
ao lado, seu filho amado,
brincava volvendo tudo.

Eis que então o pai gorila,
assentou toda a atenção,
para um gesto do reguila,
bem patente numa mão.

Mas que fez o jovem símio,
para a atenção despertar?
Reparou que ele era exímio,
a mexer seu polegar.

E por isso, o pai sisudo,
temendo a evolução,
impôs ordem ao miúdo,
travando-lhe a vocação.

E em estilo mui cordato,
foi à história e deu lição,
e informou o gaiato,
do porquê da observação.

Meu filho, queira escutar:
O nosso parente humano,
ao mexer o polegar,
foi fautor de farto dano.

Ao mexer seu polegar,
modos de vida alterou,
não tardando a deturpar,
o que Deus Símio legou.

Ousa ser símio decente,
brinca sumindo teu tédio,
goza com nosso parente,
elevando o dedo médio.

Concordante o juvenil,
disse ao pai ir aceitar,
estar atento ao vil ardil,
do estupor do polegar

6 de julho de 2011

Prece!













Que a Morte me seja doce,
terna, meiga e sedutora,
como minha amante fosse,
de meus medos redutora.

Que seja meu aconchego,
do pós vida o meu alvor,
e meu eterno sossego,
quando eu desta me for.

Sejas minha, doce Morte,
meu prazer e eterno ócio,
minha perpétua consorte,
desta vida, o meu divórcio.

Venham Parcas, meus amores
e proclamem meu finar,
para sempre cerrem dores,
para em vós me extasiar.

2 de julho de 2011

"As gajas"









Ei-las! As Gajas despontam,
se libertam de cadeias,
velhos valores afrontam,
propondo novas ideias.

São Forças nestes desertos,
desertos falhos d'ideias,
tornando os Gajos abertos,
os libertando de teias.

Surjam Gajas e s'imponham,
como Regentes de orquestra
e, também seu instrumento.

Gajos préstimos componham,
deles sejam trave mestra,
suportes de seu sustento.