poesia

poesia

16 de abril de 2012

"25 de Abril-Requiem"














Com cravos rubros sonhei,
e pombas brancas voando,
de meu sonho despertei,
p'rá realidade voltando.

Foi meu sonho um desalinho,
resquícios de um ideal,
um almejo columbino,
de um Abril em Portugal.

Vejo lapela com cravo,
qual cravo de ferradura,
cravo p'ró povo um agravo,
ferrete de desventura.

Requiem p'lo cravo de Abril,
não regado, definhou,
levou as "venturas mil",
e só saudade deixou.

Brotem cravos, outros cravos,
em vasos de outras janelas,
despojados dos agravos,
p'rá adornar outras lapelas.

10 de abril de 2012

"O ENXECO DE ZEUS"











Era um enxeco profundo,
o que o velho Zeus sentia,
algo faltava no mundo,
mas o quê? Tal não sabia!

E soou p'lo Monte Olimpo,
sua voz bradando aos céus:
Haja cura p'ró que sinto,
vos determino, sou Zeus!

Por perto Apolo passava,
belo porte, um rapagão,
e ao ver que o pai bradava,
quis saber qual a razão.

Por ali também andava,
Deusa Artemisa a caçar,
que interrompeu a caçada,
ao o ouvir também bradar.

E perguntou ao irmão,
do porquê dum tal estado.
Não compreendo a razão,
lhe disse Apolo, agastado.

Entretanto o velho Zeus,
dos brados passou aos ais,
ais impróprios para um Deus,
mais naturais em mortais.

Porque os manos constataram,
ser seu pai de algo carente,
prestes às Cortes rogaram,
intervenção muito urgente.

E por Hermes convocaram,
as Cortes Celestiais,
e sem pejo as informaram,
sobre Zeus e os seus ais.

Porque Asclépio lá presente,
um Deus médico versado,
foi logo indicado agente,
para Zeus ser medicado.

Mas eis que surge ofegante,
uma Musa e formosura,
que p'ra si pede um instante,
pois p'ra Zeus tem uma cura.

E lá disse a bela Musa:
Zeus tem maleita de amor,
uma poção não recusa,
dêem-lhe a Serra do Açôr.

E o velho Zeus logo amou,
a bela Serra do Açôr,
e aos Beirões a doou,
como uma prova de amor.