poesia

poesia

8 de agosto de 2013

Carta a um amigo finado!









Impedi a carpideira,
de por ti, chorar, carpir,
e lhe impus outra maneira:
chinfrinar, bailar e rir!

Actuei firme e preciso,
fi-lo por ti, p'lo que és,
activei o seu sorriso,
fiz-lhe cócegas nos pés.

Mas um sorriso é bem pouco,
porque trejeito p'ra mouco.
P'ra defunto, gargalhada,
e a bandeira despregada.

O que fazer? Como agir?
Eureka, lá encontrei!
Para por a velha a rir,
o seu rabo lhe apalpei.

E santo acto praticado,
pois por ti ela bailou,
e se ficou num tal estado,
que bem alto gargalhou.

Outra medida tomei,
de por ti nutrir afecto,
de luto não me trajei,
naõ alterei meu aspecto.

E me fiz de batuqueiro,
em teu caixão batuquei,
partiste p'ró céu prazenteiro,
p'lo batuque que te dei.

Ó diacho, ora entendi,
o quem sou, qual o meu estado,
e daí me apercebi,
que também eu estou finado.

E feliz por ser finado,
e poder participar,
contigo, bem a meu lado,
no além a poetar.


2 comentários:

  1. HÁ TEMPOS ESCREVI UMA POESIA COM NOVE QUADRAS QUE LHE DEI O NOME "VONTADE DERRADEIRA". LOGO DE SEGUIDA, O ZÉ COM MAESTRIA RESPONDEU-ME COM ESTE TRABALHO BEM HUMORADO E COM AQUELA CADÊNCIA QUE HÁ MUITO NOS HABITUOU. OBRIGADO ZÉ. ABRAÇO-TE.

    ResponderEliminar
  2. Ai Zé!!! Te ler é um sopro de brisa em dia escaldante. Este especialmente está hilário!!!Nem a morte te escapa na poesia...Beijos desde aqui, até ai. :-)

    ResponderEliminar