poesia

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24 de setembro de 2011

"Os ribeiros da minha Aldeia"












Na serra da minha Aldeia,
brotam lindos fios d'água,
ir p'ró mar, sua odisseia,
demanda de sonho e árdua.

Brotam: o Souto, o Cabeiro,
o do Meio e o Tornadouro,
afluentes do ribeiro,
o Cebola, um leito d'ouro.

Porque ao Cebola rogaram,
passagem para seu fim,
por seu leito demandaram,
rumo ao caudal do Porsim.

Em Porsim já instalados,
vão por curvas sinuosas,
e em modos extasiados,
beijam as ribas formosas.

Mas, seu estado retraiu,
quando para forte espanto,
um grande caudal surgiu,
sorvendo o sublime encanto.

Era o Zêzere o caudal,
que bem lesto se aprontou,
e num gesto paternal,
em sua água os montou.

Longo percurso vencido,
e fatigante viagem,
foi p'lo grupo decidido,
repousar numa barragem:

A do Castelo de Bode,
manto d'água aquietada,
em que no seu seio eclode,
um encanto de pousada.

E pós poiso repousante,
em caudal, fluxo cerrado,
levaram demanda avante,
rumo ao sonho desejado.

Pelo Zêzere alertados,
sobre um gigante caudal,
os ribeiros agrupados,
se induziram de moral.

Agrupados e sem pejo,
alma aberta, sem pavor,
afluiram para o Tejo,
o Caudal Adamastor.

O Tejo, monstro amoroso,
na junção, logo os amou.
e num gesto generoso,
para o mar os transportou.

E eu, o José Loureiro,
da minha casa em Almada,
olho o Tejo, prazenteiro,
pois em si, há terra Amada

Já bem no mar envolvidos,
desfrutando nova vida,
os Fios são esquecidos,
e demanda concluída.

Singular contradição,
pois na minha bela Aldeia,
iguais fios brotarão,
retomando a odisseia.

É a vida em movimento,
os ciclos d'água em função,
dar aos fios alimento,
numa eterna mutação.

6 comentários:

  1. ... do Zêzere o caudal... Coisa admirável: a 300 km da nossa terra, da janela do teu quarto, vês passar aguas da nossa ribeira... Não têm, assim, os seres uma única forma de existência!

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  2. Que lindo!!!Gostei de saber que quando descanso os meus olhos pelas águas do Tejo... lá se encontram águas da ribeira da sua terra!!!

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  3. Que caudal!... Estou impressionado com as águas que por ali correm!

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  4. Uma descrição e tanto esta Zé!O destino das águas é surpreendentemente belo e é com contornos de mãe abençoada que ela vai se deixando um pouquinho pelo caminho para que todos possam dela beber e de qualquer maneira acaba por desaguar no mar que evaporada pelo sol, e principia tudo outra vez,tornando novamente a se derramar.
    Lindo lindo zé!

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  5. Sabe uma coisa que adoro na sua poesia? A maneira linda que você descreve as paisagens de sua terra. Ai que saudades!!!
    Bjusss

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  6. Lindas as histórias dos rios de uma aldeia, que a pouco e pouco se juntaram e mostrando que a união faz a força afluiram para o Tejo, o qual num gesto generoso para o mar os transportou. Lindo meu querido amigo!!

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