poesia

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22 de outubro de 2012

"Os meus medos"









Tenho medo de ter medo,
medo do que desconheço,
porque por medo me enredo,
nos medos de que padeço.

E tantos são os meus medos,
medos ligados à morte,
morte encerrando segredos,
no Além, seu cofre forte.

Medo do medo da vida,
que é da morte, umbilical,
e que depois de vivida,
da morte é um seu portal.

Pudesse eu juntar à morte,
algo que à vida a prendesse
a dotando de outro porte.
que sua foice perdesse.

Tenho medo de ter medo,
mas no medo me aconchego,
fingindo nele ser ledo,
p'ró meu corpo ter sossego.

5 comentários:

  1. Não tens medo do medo.O máximo que fazes é brincar com a possibilidade de ter medo.Gostei muito!!!

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  2. Acho que, de tantos medos, acabou por ser mais feliz com eles... Também tenho medos... Medos do que? Bem, não sei, só sei que eu, como você, amamos a vida sem medo... rs
    Bjuss

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  3. Medo, palavra, sentimento, sensação, mas sempre tenebrosa. Temnho medos, tenho medo. Tenho medo do que sou e medo do que não sou. Tenho medo do escuro, tenho medo da luz, tenho medo de não conseguir chegar onde quero, tenho essencialmente medo de acordar um dia e não ter medo. Tenho medo do caminho, medo do que está na recta final, medo do meio onde estão os escolhos pelos quais tenho que saltitar, tenho medo das escolhas que sou obrigada a fazer, tenho medo porque sou gente, tenho medo porque tenho que decidir, tenho medo porque tenho que optar. Tenho medo de me perder nos labirintos do medo. Mas não tenho medo porque vivo e respiro e amo.

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  4. Vivo a saudade do tempo em que o Medo me acompanhava. Caminhávamos a par pela estrada e em cada curva ele avançava só para me pregar um susto. À beira do precipício ele voava e eu ficava – a sentir o desafio do medo que o Medo não sentia...
    Vivo com saudade a Saudade do tempo do Medo, que se enredou em mim. Hoje a estrada não tem curvas, mataram o susto. Hoje lançamo-nos no precipício na esperança de encontrar a foice para dela fugirmos, simples jogo de crianças buscando o paladar do tempo do Medo que o Tempo apagou.

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  5. Gostei muito destes medos,Zé
    Um bonito poema.

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